sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Filme Espelho d' água

Espelho d' água - Uma viagem no Rio São Francisco não reflete apenas a realidade de lavadeiras, barqueiros, pescadores, defensores da ecologia, entre tantos outros grupos que vivem nas cidades ribeirinhas, onde a dureza do cotidiano incorpora também grandes festas populares, romarias e forrós.Hábitos esquecidos - como fiéis que dormem na Igreja com a Santa ou a celebração com cabaças iluminadas - foram recriados em uma trama ficcional para lembrar tradições que se perderam ao longo do tempo.

Com sua imponência e diversidade cultural, o rio que corta o coração do Brasil é também pano de fundo de uma história romântica sobre um fotógrafo em crise interpretado por Fábio Assunção e sua namorada que sai do Rio de Janeiro para encontrá-lo.

Sendo assim, o uso da linguagem fotográfica no filme ajuda o expectador a melhor compreender a riqueza do filme, pois funciona como um espelho que mostra toda a exuberância,miséria e mitos da região em que se passa o filme.

Lembra o que li na revista ("LEITURAS" p.29) sobre o que disse o fotográfo Juca Martins "certas fotos podem nos ajudar a olhar para o mundo de uma forma como nunca olhamos antes,mostrar a beleza do que consideramos feio, ou a feiúra do que convencionalmente chamamos belo.O importante é ter sempre em mente que a foto não é uma mera reprodução do que se vê, mas um 'discurso' que o fotográfo constrói sobre o mundo".
De modo que a linguagem fotofráfica usada no filme leva o expectador a transitar com os personagens por tradições seculares que estão desaparecendo dentro de um universo que esconde riquezas insuspeitáveis.

"A imagem fotográfica tem sempre duas realidades, a primeira e a segunda, que é a aparente,a que se dá primeiro.Por meio dela se chega à primeira realidade, que é a história daquela imagem".

Boris Kossoy